segunda-feira, 4 de maio de 2009

A uma grande poetisa


Tu mesma falaste, olhando ao redor
“Sou aquela louca que grita poemas nas esquinas”
sei o quanto é difícil ser um poeta
Às margens dos rios de sangue
Se ouvem murmúrios de poetas mortos
Não sangue, nem morte, mas letras vermelhas em folhas queimadas
Sim, somos loucos
Pois amamos as letras e delas criamos e fazemos história
Sim, somos loucos
Mas vivemos a vida e ela vive de nós
Nossos olhos são espelhos para as pessoas se olharem
Nossas bocas são como crianças que só choram
Nossos pés são ondas que nos fazem bêbados
Nossas mãos são sementes, que semeadas fazem brotar flores
Nossos poemas são flores que fazem brotar vidas
Nossas vidas são dores que se transformam em luzes
Essas luzes são olhos que um dia foram espelhos
Seja sempre essa louca que grita poemas aos à margem
Dos rios de sangue que são letras
E de morte que são folhas queimadas
A vida é poesia e a minha poesia é simplesmente, você!


Léo Sarmento

A busca certa


Qualquer hora dessas, o sol vai deixar de brilhar
Mas isso não importa, a lua brilhará dia e noite
Qualquer dia desses, as estrelas vão cair
Mas ninguém precisa ter medo
O oceano as receberá em suas águas
Algumas coisas costumam acontecer na hora errada
Outras coisas acontecem na hora exata
A sublimidade do ser humano
É capaz de tornar as coisas perfeitas
A paz interior de cada um e o desejo de busca
Influenciam o encontro
Mesmo que o encontro seja virtual ou imaginário
Sabemos que pode se tornar real
Por causa da sublimidade e da paz interior
E da busca da felicidade que cada ser tem dentro de si
Busco sem medo, encontro com medo
Sinto com desejo
Às vezes correr o risco de não encontrar
É melhor do que nem tentar procurar
Busquei e te encontrei
Ou foi você que me encontrou?
O que importa é que o destino é amigo dos homens
E os homens são amigos entre si
Mesmo que o destino se torne nosso inimigo
Nós jamais poderemos fazer o mesmo
Devemos continuar amando
Os amigos se amam... os verdadeiros
As estrelas nem vão mais cair
Nem o céu deixará de ter o brilho do sol
Nem as coisas erradas irão acontecer
Porque o amor e a amizade são maiores
Dominam o coração e o espaço
A busca foi verdadeira
E o verdadeiro sentido dessa busca é você que veio para ficar...


Léo Sarmento

Desabafo


Existe um problema
É loucura dizer que sou eu
Ou dizer que é você
O problema é outro
Não! Não é seu pai, nem...
O problema é outro
Não é o cachorro, ou o gato
O problema é outro
Não é o carro velho, ou a chave errada
O problema é outro
Nem é dinheiro, ou consumo
O problema é outro
Não são as drogas, nem o roubo... Será?
O problema é outro?
Sim, é muito mais sério
O problema meu amigo é a
HIPOCRISIA...

Léo Sarmento

Meu mundo vazio


Medo da chuva que cai em meu corpo
Molhado estou, cansado de tudo
Mesmo com chuva, forte e lenta
O meu corpo continua imundo
Como posso viver, sem o sexo sujo
Da prostituto e do prostituto
Amigo da chuva, menina, menino
Medo de tudo que pode vir após o prazer
Caindo, dormindo com um estranho
Que só quis e só me fez perder meus sonhos
Medo do nada, do vazio que vem depois
Medo do estranho que me deixou uns reais
Medo do sol que queima meu corpo
Suado estou, cansado de tudo
Mesmo com sol, forte e lento
O meu corpo continua frio e sujo.


Léo Sarmento

Busca incansável

Sensivelmente se sente na mente
No rosto ausente da pessoa feliz
A saudade da alegria que está manifestada
No medo de calar diante da estrada
Na luta da busca que nunca chega
Está a coragem de nunca parar.
O caminho confuso do submundo
É também confusão quando se chega no fim
Calados fiquemos diante da busca
Soluços incasáveis que nunca terminam
A felicidade jamais encontrei
Porque este mundo imundo parou
Mas... o mais uma vez virá alegrar
A vida deste submundo
Que é o coração do homem que esqueceu
Que a felicidade depende de si
Calado se sente no rosto do infeliz
A causa maior da busca sem luta
Pela felicidade que o homem não encontra...


Léo Sarmento

Já fiz muito...?


Já tive fome de muita comida
Já tive sede de beber da fonte
Já deitei em rede lá no monte
Já senti frio no sul
Já calei por medo
Já disse palavras em vão
Já crucifiquei alguns muitos cristos
Somente pra matar a fome de pão.
Já dancei forró no sertão
Já brinquei de futebol com paixão
Já visitei em sonhoso museu do Pelé
Já troquei reais por um dólar
Já comi o pão que o Betinho amassou
Já fui brasileiro e por isso sofri
Já fui sertanejo de pé no chão
Somente pra matar a fome de pão
Já deixei de sorri pra chorar
Já rezei em São José de Ribamar
Já dancei Bumba-Meu-Boi em Axixá
Já banhei meu corpo nas águas do mar
Já pisei na linha do Equador
Já fui jornalista, filósofo e criança
Já fiz muita gente cultivar o chão
Somente pra matar a fome do irmão...
Léo Sarmento

Quando as flores perfumarem


Quando uma criança sorrir por ser criança...
E o sol de um olhar infantil iluminar o céu da fantasia...
Quando a noite de estrelas fizer o céu sorrir...
E o cheiro da terra molhada invadir o espaço...
Quando tudo parecer diferente de ontem
E a vida florescer no sorriso da criança,
No seu olhar infantil,
Na noite estrelada, no odor da terra encharcada...
Aí sim, o mundo será mais mundo.

Quando os casais de namorados sentarem para conversar...
E os pais descobrirem que são responsáveis pelos seus filhos...
Quando a criança deixar de pedir nas ruas e ir para a escola...
E a mãe não chorar mais o seu filho que foi para a guerra...
Quando tudo parecer apaixonado como os namorados que falam de seu futuro,
E os pais deixarem de ser filhos,
E as crianças brincarem com seus colegas nas escolas,
E as mães sentirem o filho por perto...
Aí sim, o mundo será mais mundo.

Quando tudo for flores, o mundo será mais belo e alegre...
As crianças sorrirão para o sol e o céu
Os pássaros viverão mais livres
As mães já deixarão de ser choradeiras e passarão a ser aquelas que aliviarão dores.
Quando o mundo deixar de ser campo de guerra e passar a ser um jardim perfumado.
Aí sim, eu deixarei de ser eu e passarei a ser humano...

15 de setembro de 2001.
Léo Sarmento

Réquiem


(...) Talvez Tu nem saiba! Mas este ano eu vou de novo.
Talvez Tu esquecestes, que ela queria me abraçar.
Tudo bem. Dizem os místicos que Tu sabes o que faz.
Então, aquele foi o último abraço?
Por que foi assim?
Sempre queres o melhor para Ti!
Às vezes penso que esquecestes de nós
Nem mesmo Tu aceitaste a dor da perda
Lembra-te do amigo Lázaro?
Pois é. Eu lembro.
Por que tem que ser assim?
Perguntaste a ela se já estavas cansada?
Consultaste o nosso coração?
Sei que a flor vai desabrochar
Sei que o sonho de encontrá-Lo se realizou
Mas, e nós?
Não pensaste em nós?
Desculpa-me, Senhor!
Pois a dor da partida envolve este poeta
É a saudade de alguém que não verei mais
É a falta de um abraço e de um sorriso de uma eterna mãe
É o desejo de chorar com as palavras
Tudo isso me revolta!
Mas, eu creio em Ti!
Creio no seu amor por nós
Agora só me resta dizer adeus...
Um adeus cheio de esperanças
Um adeus igual “ao que dou ao sol quando se põe
Igual ao que dou à lua e às estrelas quando chega a aurora
Porque sei que o sol, a lua e as estrelas voltarão
E nos encontraremos de novo”.
Adeus! Ou será, até mais?
Só Tu sabes! Só Tu podes!
Eu só posso dizer adeus, até mais Bel (...)

Sorriso moderno


Enquanto o mundo vive momentos de incredulidade

E o medo toma conta dos corações maternos;

Enquanto a vida transforma-se em brinquedo de gente grande

E perde sua verdadeira função no mundo;

Enquanto as nuvens se perdem no espaço

E nem mesmo os astros sabem seu papel;

Enquanto as crianças vivem fora da fantasia

E nem mesmo os sonhos têm valor;

Enquanto a paz encontra-se ameaçada

E nem mesmo a família é respeitada...

Eu continuo acreditando que tudo isso tem um futuro

Porque existem pessoas como você

Que mesmo em meio a tantos medos

Não deixa de expandir sorrisos de paz, amor, carinho e amizade...


Léo Sarmento

Cadê

Corro para onde o tempo está e nada vai acontecer
Se o mundo todo não puder falar
As coisas do futuro hão de ser
Assim, como o mar, no seu espaço infinito
Aonde poderei caminhar.

Corro para o tempo, do meu sentimento que ocultei
Que hoje dura mais que ontem, e eu sei
Que o mundo inteiro poderá falar
As dores que eu sinto e tento ocultar
No meu olhar que ninguém vê.

Corro para dentro de mim mesmo e não me encontro
Se ao menos eu pudesse contar com o mundo
Eu poderia conhecer o meu encanto
Mas encontro só o imundo
Que você deixou quando partiu.

Corro para onde você deve está e nada encontro
Pois o medo de encontrar e sofrer de novo
É maior que o aconchego do recanto
Que morei e que meu coração ficou
Com você, onde estás, eu estou...

Depois


Passados e pessoas me dão medo
Porque o passado é o espelho
Das pessoas que eu conheço mais
As imagens que eu pinto no azul
Do meu quarto onde sonho
Com você...

As pessoas são as mesmas que eu vi
No nascer de minha vida, quando aqui
Cheguei para sonhar e pintar
A tela da paixão em que você
Vai está nua, lua, nuvens
Mar e mais...

As estrelas que eu vejo em meu quintal
São as mesmas que eu vi lá com você
E os sonhos que sonhamos
Lá no barco a navegar
Pelo mar, luar, céu
Verde, paz...

Quando tudo acabar e eu emergir
Na escada do meu próprio desejo
E encontrar as pessoas que eu conheço
Vou chamar a felicidade
E ficar, chorar, morrer
Calar e amar...

Léo Sarmento

Vítima do coração humano

E como foi que o mundo pôde se perder?
Na revolução dos anos que muitos vão dizer
Ah! E como foi que o medo não ficou
No coração do homem que eu sou.

Na verdade foi assim que o mundo se perdeu
E eu estava lá também
Mas meu bem não perdeu de vista
Os meus olhos que brilharam para os seus.

Na guerra dos homens
Onde crianças e mulheres também vão
Morrendo aos poucos pelo ódio
De coração que agora não é mais o meu.

Na verdade foi assim que o mundo se perdeu
E eu estive lá também
Hoje estou aqui esperando meu bem
Que ainda busca o mundo refazer

No meio de tudo que não sinto mais
Não posso mais, nem quero mais
Saber do mundo que ficou pra traz
Porque aqui onde estou... jaz.

Léo Sarmento

Meu porque


O tempo era tão pouco
E mesmo assim sobrava tempo
Para a minha descoberta
Na imensidão do mundo
As cores que chegavam até mim
Eram apenas o cinza e o preto
E eu buscava o arco-íris
Para colorir o meu tempo.

O tempo era tão pouco
E mesmo assim sobrava tempo
Para a minha corrida ao acaso
E eu já não sabia o que era o sentir
As flores que eu colhia
Eram apenas restos de vida
Que invejavam os jardins do templo.

O tempo era tão pouco
E mesmo assim sobrava tempo
Para o olhar tranquilo das pessoas
E eu já estava à mercê do meu próprio tempo
As palavras que eu dizia eram incógnitas
E eu buscava a luz
Para descobri o que sou...


Léo Sarmento

Minha vida


Minha vida mais parece um mar de sonhos
Onde o medo e o desejo são iguais
As mentiras que eu ouvia de alguém
Hoje, já não as ouço mais

Minha vida mais parece uma aventura
Onde a luta inexiste para mim
E as estrelas desta noite se esconderam
Para não enfeitar o meu fim

Minha vida mais parece uma leitura
De ciganas que não sabem mais o quê
E o destino das pessoas que eu amo
Já não tem mais o mesmo prazer

Minha vida é assim e sou feliz
Mesmo sem ter um destino a cumprir
E os sonhos que eu sonhava com prazer
Já estão a perder-se por um triz.




Léo Sarmento

Conversas





A solidão não existe
Pois
me tenho sempre comigo.
Conversar comigo me traz alívio
Ontem me falei de
coisas
Que hoje são reais e me ajudam
A viver...
Coisas e
pessoas
Conversas sobre sonhos
Conversas sobre amor
O amor que tenho
por tudo que me tranquiliza
Conversas.


Léo Sarmento

Ontem


Lembro-me de canções de ninar
De sonhos maternos
De medos que hoje existem ainda

Lembro-me de meu pai, tranqüilo
Feliz e com cheiro de mar

Lembro-me de meu avô
De suas passadas, pesadas de alívio

E lembro-me do ontem
Que hoje é tão presente

Lembro-me porque é isso que me faz feliz.


Léo Sarmento

Um amigo


Ei, você que é meu amigo
A amizade é essencial
Eu tenho poucos amigos
Os poucos são verdadeiros
Tem um muito especial
Ele é verdadeiro e cheio de sonhos
Me faz um bem está com ele
Amigos vêm e vão, uns ficam
Esse ficou. E é parte de mim
Real, carismático, feliz, demais
Gosto de falar de gente
De gente como Régis
Esse amigo de sempre...


Léo Sarmento

Eu, poeta...


Todos os poetas são mortos,
Só passam a viver quando morrem...


Léo Sarmento

Misturas Poéticas

Aqui estão as minhas poesias...

Este primeiro texto é do meu poeta inspirador: Rabindranath Tagore, indiano...


Lembro-me da minha infância. De quando o sol nascente, como parceiro de brinquedos, irrompia até minha cama com a surpresa diária de sua manhã. Lembro-me que a fé, como flores frescas, desabrochava em meu coração dia a dia, olhando o rosto do mundo com alegria singela. (...) Lembro-me da chuva que gotejava à noite, trazendo-me sonhos da terra das fadas, e lembro-me da voz de minha mãe ao anoitecer, dando sentido às estrelas.


Rabindranath Tagore

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